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Os impactos da cigarrinha no milho

12 dez, 2022

Durante o III Encontro Técnico Milho, a pesquisadora da Fundação MT, Lucia Vivan, apresentou a pesquisa da instituição realizada para acompanhamento da dinâmica populacional da cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) em áreas de milho safra e milho segunda safra. O estudo usou armadilhas adesivas para a captura e contagem dos insetos-praga e avaliou também a ocorrência dos enfezamentos e a eficácia de alguns produtos químicos e biológicos disponíveis para aplicação foliar.

Para entender o impacto no milho segunda safra - com mais expressividade no estado de Mato Grosso -, e assim poder observar a população nos dois períodos, a pesquisa definiu áreas próximas ao plantio de primeira safra do milho. Com isso, o trabalho pode identificar e entender os problemas referentes às infestações de cigarrinha e transmissão dos molicutes e vírus, e ter ações contínuas com o objetivo de ter respostas ao longo do período.

Foram avaliados alguns talhões, semanalmente durante o ciclo, em uma área com seis mil hectares de milho. Foram feitas de 10 a 11 aplicações de produtos químicos e quatro de produtos biológicos, algumas em intervalos bem curtos para proteger o máximo a cultura e evitar que a população aumentasse e se disseminasse para outras regiões.

Resultados

No plantio de milho safra, a pesquisa identificou que a população de cigarrinhas nas armadilhas foi mais tardia, após o estádio V5, e não houve sintomas de enfezamentos. Em média, nas 20 plantas observadas em pontos diferentes, o número de cigarrinhas foi menos de uma.

A partir de novembro, observou-se aumento da população e no mês de dezembro essa população aumentou mais e se manteve, mesmo com as aplicações que estavam sendo realizadas na área. A pesquisadora Lucia acredita que a temperatura ou mesmo a baixa umidade, já que foi um período bem seco em MT, interferiu na entrada, colonização dos insetos e aumento da população nos primeiros meses de plantio do milho safra.

No talhão central da fazenda ocorreu uma situação interessante, onde foi verificado que sempre haviam algumas armadilhas com população muito maior. Descobriu-se, então, que as áreas faziam bordadura com uma área de soja e observando essa área, notou-se que existiam nela plantas tigueras, o que é muito comum em todo início de plantio de soja. Como a população foi muito superior, ficou o alerta de que o monitoramento já no início é fundamental para manter a população sob controle e que áreas com milho tiguera mantém populações de cigarrinha do milho.

Sobre o manejo com produtos biológicos, a pesquisa concluiu que houve redução da população em períodos mais longos, após as aplicações. A pesquisadora destaca que foi uma alternativa efetiva e que os biológicos devem fazer parte do manejo de controle das cigarrinhas.

Na etapa do milho segunda safra foram avaliadas áreas vizinhas ao milho safra, em um raio de menos de 5 km. A população coletada nas armadilhas foi acima de 50 na média dos talhões, desde o início do desenvolvimento da cultura, ou seja, com infestação bem alta já no começo. Além disso, a população de insetos nas plantas foi em média de dois a três, e houve picos, tendo avaliação com 10 cigarrinhas em média nas 20 plantas avaliadas.

Para Lucia, a segunda safra tem mais infestação de cigarrinhas, pois recebe todo o crescimento da população a partir do hospedeiro que a antecedeu. Foi observada a redução da população ao longo do tempo, ao contrário do milho safra, e a especialista relaciona isso ao possível deslocamento da população para áreas vizinhas que eventualmente tenham milho em estágios mais precoces.

As áreas de milho safrinha também apresentaram fumagina nas folhas, principalmente nos plantios mais tardios. Em talhões plantados mais tarde houve a presença dos molicutes e o complexo de enfezamento nas plantas.

Avaliação de insetos infectivos

No milho safra, na coleta realizada em outubro, as amostras foram livres de insetos infectivos. Já em dezembro, houve talhão com amostra contendo Spiroplasma kunkelii (enfezamento pálido). No entanto, não foram observados sintomas de enfezamentos ou redução de produtividade, assim como nenhum problema no desenvolvimento das espigas e das plantas.

Nas áreas de segunda safra, houve coleta em abril com talhão contendo Spiroplasma e Fitoplasma, assim como talhões livres de infecção.

Outras observações

O plantio do milho é importante para a economia de Mato Grosso e do Brasil, dessa forma, a Fundação MT orienta que o cultivo seja feito de forma consciente, com bom manejo de cigarrinhas, independente de encontrar uma população baixa. Isso porque, mesmo que não sofra com enfezamentos, ainda pode ser um inóculo, já que é uma cultura hospedeira do inseto-praga.

Deve-se, também, optar por híbridos de milho mais tolerantes ao complexo de enfezamentos, fazer destruição de tigueras que são responsáveis pelo início da colonização da população, além do uso de produtos químicos e biológicos. Os plantios mais concentrados, com controle da qualidade da colheita, contribuem muito para o manejo da cigarrinha.

Próximos passos

A Fundação MT vai continuar acompanhando o plantio de milho safra em regiões de MT para monitorar as populações, com coleta de insetos e plantas para identificação da presença de molicutes. E, ainda, dará continuidade no período da segunda safra nas áreas adjacentes a essas áreas de milho safra. O objetivo da instituição, ao longo do tempo, é identificar a dinâmica do inseto-praga, a presença dos enfezamentos ou não, e saber se o problema é mais com a praga ou também com o número de infectivos e como agir diante do problema.

 

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