18 mai, 2022
Planta daninha com grande diversidade de espécies,
a vassourinha-de-botão é nativa do Brasil, especialmente da região Norte e
Nordeste. Economicamente, as espécies Borreria
spinosa (=Borreria densiflora) e Borreria verticillata, como são perenes,
causam maior preocupação e prejuízos.
Pelos levantamentos iniciais dos especialistas, essas
são as espécies de maior ocorrência no Cerrado, justificada pela dificuldade de
manejo (devido à tolerância ao herbicida glifosato) e capacidade de
sobrevivência em condições adversas, como a seca. No entanto, ainda não existe
um mapeamento com a distribuição das espécies na região, incluindo o Mato
Grosso.
A vassourinha-de-botão, estando presente na área,
causará problema em todas as culturas cultivadas no local, seja soja, algodão
ou milho na primavera/verão (primeira safra), ou na segunda safra com sorgo,
milho ou algodão. Pelo tamanho da área cultivada e importância econômica, a
cultura da soja é a mais estudada. Porém, todas as outras culturas em rotação
ou sucessão à soja também serão prejudicadas.
Identificação
Na espécie Borreria spinosa, entre as
características marcantes estão as folhas mais largas, além da presença de 1 a
5 glomêrulos por ramo, que são as inflorescências. Já a Borreria
verticillata possui as folhas mais estreitas (finas) e de 1 a 3 glomêrulos
por ramo. A espécie Borreria remota é uma planta herbácea, rasteira e
com caule e ramos arroxeados. Já Mitracarpus hirtus é outra espécie
herbácea, também de pequeno porte (até 50 cm) e com inflorescências terminais e
verticilares.
Dependendo da espécie, há outros nomes populares,
mas é variável de espécie para espécie. Por exemplo, M. hirtus também é
conhecida como poaia-da-praia e B. verticillata como poaia-preta.
Prejuízos
Na cultura que está presente a perda mais evidente
é a redução na produtividade de grãos. Dependendo da densidade de plantas por
m² pode atingir até 28% para soja, e de até 75% para sorgo em sucessão à soja,
segundo estudos realizados.
Os valores de perda de produtividade foram
extraídos de dois trabalhos, conforme abaixo:
CAMPOS, D. de A. Matocompetição e controle
químico da vassourinha-de-botão (Spermacoce sp.) na cultura do sorgo.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia) - Instituto Federal
Goiano, Urutaí, 23 p., 2022.
LOURENÇO, M.F. de C. Manejo químico de
vassourinha-de-botão (Spermacoce sp.) na cultura da soja. Dissertação
(Mestrado Profissional em Proteção de Plantas) - Instituto Federal Goiano,
Urutaí, 49 p., 2018.
Manejo
O manejo químico é muito importante, mas não deve
ser usado como ferramenta única. O estabelecimento de culturas (segunda safra)
ou espécies de cobertura na entressafra (outono/inverno) também é muito
importante, e deve ser considerado. O ideal é não deixar a área em pousio, com
as plantas daninhas produzindo sementes e aumentando o banco de sementes do solo.
Para o manejo de plantas adultas de
vassourinha-de-botão, existem alguns herbicidas chaves ou fundamentais para o
sucesso, que agregam no manejo como um todo. Entre eles, os herbicidas
inibidores da enzima PPO (protoporfirinogen oxidase), como saflufenacil,
carfentrazone-ethyl e flumioxazin, que devem ser inseridos no manejo,
juntamente com a dessecação pré-semeadura em duas épocas. É essencial explorar os
benefícios da aplicação sequencial, somado ao uso de herbicidas residuais na
segunda dessecação.
Manejo antecipado
O manejo antecipado pode ser usado nas áreas que
não serão cultivadas com nenhuma cultura na entressafra. Nesse caso, existem
herbicidas recomendados, como triclopir e atrazine+mesotrione, com
posicionamento para vassourinha-de-botão, aplicados após a colheita da soja ou
no início do período chuvoso (setembro/outubro). Nesse caso, respeita-se o
limite de dose e o intervalo para semeadura da soja de 20 dias para triclopir e
de 30 dias para a mistura.
Para os produtores que fizeram uso de milho ou
algodão na safrinha (outono/inverno), o uso de herbicidas residuais seletivos
para essas culturas e a aplicação de glufosinato de amônio nos genótipos LL
(com tolerância ao amônio-glufosinato) na pós-emergência da cultura, colaboram
para o manejo da espécie. Com essa estratégia, a pressão das plantas adultas de
vassourinha-de-botão será menor na soja da safra seguinte.
Texto escrito com a colaboração de Núbia Maria
Correia, pesquisadora de Plantas Daninhas da Embrapa Cerrados, palestrante do
XXII Encontro Técnico Soja.