20º edição do Boletim de Pesquisa de Soja.
Os últimos anos foram
desafiadores para a agricultura brasileira. Uma geração afetada por uma doença
causada pelo coronavírus (Covid-19), na sequência o conflito entre Rússia e
Ucrânia que gerou escassez de insumos, principalmente de fertilizantes, abalaram
o planeta. Outro fator preocupante ainda é o capital humano e qualificado no
campo. Mas, o agro não para e não parou. Consciente do seu papel, em meio a um
cenário totalmente adverso de mercado e diante de uma das mais severas crises
hídricas dos últimos anos nas principais regiões produtoras, o setor conseguiu
avançar.
Enquanto muitos segmentos tiveram
forte recuo, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro alcançou
recordes sucessivos em 2020 e em 2021, com esse biênio se caracterizando como
um dos melhores da história recente do agronegócio nacional, segundo dados do
Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo
(Cepea-USP), obtidos em parceria com a Confederação Nacional da Agricultura e
Pecuária (CNA). Diante do bom desempenho do PIB agregado do agronegócio em
2021, o setor alcançou participação de 27,4% no PIB brasileiro, a maior desde
2004.
Em 2022, os números seguiram
positivos. O Valor Bruto da Produção (VBP) fechou em R$ 1,189 trilhão, o
segundo maior em uma série de 34 anos de cálculo desse indicador, conforme
apuração em conjunto de diversas instituições e órgãos de pesquisa. Para a
produção brasileira de grãos na safra 2022/2023, a Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab) prevê um novo recorde, com 310,9 milhões de toneladas. O
volume representa um incremento de 39,3 milhões de toneladas a mais a serem
colhidas do que na temporada passada.
Para essa pujança produtiva se
concretizar, os produtores brasileiros precisam ser eficientes da porteira para
dentro, afinal, são muitos os desafios, principalmente com insetos-praga e
doenças, que estão cada vez mais resistentes e causam prejuízos bilionários,
entre outros fatores dentro dos sistemas de produção. Ademais, o mundo conta
com o Brasil para alimentar mais de sete bilhões de pessoas. Se a população
cresce, a expectativa de vida aumenta e o poder de compra também. Para estar
nesta vanguarda, o País precisa não apenas produzir safras recordes de grãos e
de outros alimentos, mas também necessita de conhecimento com base científica,
empenho, tecnologia e produtividade. É necessário ser rentável, produzir com
qualidade e com sustentabilidade para atender ao consumo interno e externo.
O agronegócio tem avançado com
sustentabilidade. O Brasil dos alimentos e fibras também é o mesmo dos
produtores que praticam diversos sistemas de integração. E, junto a isso,
dedica à preservação nativa 66,3% de seu território, segundo o Cadastro
Ambiental Rural (CAR), com dados registrados e mapeados pela Embrapa
Territorial.
E não são apenas dados nacionais
que mostram o quanto o País pode se orgulhar de sua agricultura sustentável. Em
2017, o projeto GFSAD30, financiado pela Nasa, calculou a área de lavouras do
Brasil em 63.994.479 ha, ou seja, em 7,6% do território, e a área protegida e
preservada também ficou nos mesmos 66% divulgados pela Embrapa Territorial.
Dessa forma, uma fonte externa e independente confere credibilidade muito maior
aos números e permite mais tranquilidade no planejamento estratégico do agro
brasileiro. Além disso, a baixa ocupação do território nacional é fundamental
para defender projetos de expansão da área cultivada, tão criticada
internacionalmente.
Essa realidade só existe em razão
do papel decisivo dos produtores na manutenção das áreas preservadas e no uso
sustentável das terras, produzindo energia renovável, fibras e alimentos com
tecnologias modernas, diversificadas, inovadoras e tropicais. É também
consequência dos avanços proporcionados pela pesquisa e competência dos
profissionais da área técnica das diversas instituições brasileiras que atuam
com base na ciência, com imparcialidade e aprofundamento dos ambientes
agropecuários.
É assim que está inserido o
trabalho de vanguarda da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato
Grosso (Fundação MT), que se consolida e se difunde de diversas formas, sendo
uma delas, por meio deste Boletim de Pesquisa. O material chega a sua 20ª
edição e traz novos temas e atualizações nas culturas de soja, milho e algodão
com o objetivo de apresentar importantes posicionamentos para o manejo dos
sistemas de produção. Esta obra foi construída, ao longo de meses, para trazer
informações que estimulem ainda mais a ampliação da agricultura sustentável
através de sistemas integrados de produção agrícola.
Para isso, o time técnico da
Fundação MT, pesquisadores e especialistas de outras instituições contribuem
com o que há de mais importante e atual para o campo. Todas as informações aqui
contidas ajudam a construir ganhos reais, como aumento de produtividade, rentabilidade
e estabilidade produtiva dos sistemas agrícolas, e dão apoio na superação de
desafios que o campo traz para quem de fato toma as decisões no dia a dia.
Como novidade nesta edição, o
público poderá obter informações sobre as contribuições digitais para a
agricultura; controle biológico de doenças; microrganismos promotores de
crescimento de plantas; solos como potencial de mitigação das mudanças
climáticas; além de capítulos dedicados a sementes, fisiologia da produção,
insetos-praga, adubação, nematoides, plantas daninhas, tecnologia de aplicação
e responsabilidade ambiental
O desejo da Fundação MT e de
todos os envolvidos em mais esta edição do Boletim de Pesquisa é que cada
leitor possa ampliar sua narrativa positiva sobre a agricultura brasileira e,
ao mesmo tempo, adquirir conhecimento, aplicar no campo e colher bons
resultados com a certeza de que está melhorando a sua atividade, trazendo
sustentabilidade e rentabilidade ao agronegócio.