18 mai, 2022
Com a instabilidade
no mercado de insumos que o agronegócio vive hoje é importante que o produtor
entenda a situação pela qual o setor passa, principalmente sobre oferta e
preço, o que isso impacta em suas ações e na próxima safra também. Segundo o
analista de fertilizantes, Jeferson Souza, da Agrinvest Commodities é
fundamental que a classe produtora tenha o discernimento do quão pesado o
fertilizante ficou em sua conta final, ou seja, no custo de produção.
A principal atitude
a se tomar é da porteira para dentro. Os preços dos fertilizantes devem se
manter em alta nos próximos meses, não havendo indícios de queda, então a recomendação
é que o produtor trabalhe esta situação com os mecanismos que possui.
E então, o que
fazer?
A condição do solo
é a chave que o produtor rural tem em mãos. O pesquisador da
Fundação MT, Felipe Bertol, aponta quais são os três pilares que devem ser
considerados pelos agricultores para qualquer tomada de decisão. O primeiro
deles é a caracterização do sistema produtivo, que contempla a aptidão agrícola
do solo; qual a sequência de cultivos da área e as características químicas,
físicas e biológicas dos locais de plantio. O segundo pilar são as práticas de
adubação, que incluem quantidade de nutrientes aportados, quais fontes e qual o
modo de aplicação. Já o terceiro ponto é o histórico de produtividade, que diz
o que está limitando-a, se há muita resposta à adubação e se há produtividade
estável.
Uma das ferramentas
que está disponível no lado de dentro da porteira é a redução da adubação.
Segundo a Lei dos Incrementos Decrescentes do professor alemão Eilhard Alfred
Mitscherlich, por exemplo, “à medida que um solo pobre recebe adições
crescentes de um dado nutriente, os ganhos de rendimento são inicialmente mais
elevados, mas diminuem sucessivamente com o aumento das doses aplicadas até
atingir a estabilidade, quando a adição de mais fertilizante pode reduzir a
produtividade ou causar toxidez”. Estudos da Fundação MT também demonstram que
esse ajuste nem sempre desfavorece o solo e os resultados da lavoura, mas para
isso há critérios a serem observados.
Tudo tem que ser
realizado da forma correta. O primeiro passo é ter uma assistência técnica de
qualidade e basear todas as decisões no histórico de produtividade das culturas
envolvidas no sistema produtivo da área, monitoramento dos teores dos
nutrientes através de análise de solo de qualidade, aspectos físicos do solo
(textura, densidade, infiltração de água) e boa distribuição de fertilizantes.
Poupança de outras
safras
Uma orientação
genérica para a decisão de reduzir a adubação é a lógica da poupança. Se na
safra passada o produtor fez o manejo da adubação com a perspectiva de produzir
mais, mas em razão das condições climáticas ele produziu menos, então nesta
safra é possível aproveitar o que não foi exportado ano passado. Mas, tem que
avaliar qual a dinâmica do nutriente a ser poupado, o papel dele na planta e as
características do solo, e estando com sobras, a redução pode ser feita com
tranquilidade, como é o caso de nutrientes como fósforo e potássio em solos de
fertilidade construída.
A classe produtora
precisa adaptar para sua realidade todas as opções disponíveis hoje no sentido
de amenizar o cenário vivido.
Gestão é importante
também
Todo esse cenário
deixa uma lição, a de ter um cuidado maior com a gestão da propriedade. Não se
pode só olhar o preço nominal. Recentemente, houve uma oportunidade quando a
relação de troca melhorou e aumentou o preço da soja. Muitos não
acompanharam isso e só focaram no preço nominal da matéria-prima, por exemplo.
É importante
lembrar que nesse momento da safra o preço parece não ser uma preocupação grande,
mas deve-se ter atenção com relação aos suprimentos, focando no abastecimento,
ainda mais que o tempo vai ficando curto.